segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Por Débora Jacks

No dia 5 de dezembro a diretora do Centro, Débora Jacks, enviou uma mensagem para todos. Leia:

"Há exatamente um ano subimos as escadas da prefeitura, ansiosos e felizes... Enfim a assinatura do Decreto de criação do Centro de Atendimento ao Autista Dr. Danilo Rolim de Moura! Neste dia, assumimos o compromisso de implantar o Centro.
Ainda me emociono quando lembro das mães; seus olhares, sorrisos, palavras e lágrimas (mas desta vez de felicidade). Cumprimos nossa palavra!
Aqui estamos com nosso maior tesouro, nossos alunos que iluminam todos os dias as nossas vidas, que nos ensinam a superar as dificuldades e a sonhar, desejar, conquistar... Agradeço à equipe de trabalho do Centro, profissionais dedicados, apaixonados e muito competentes. Agradeço às famílias que confiam no nosso trabalho e nos apoiam. Agradeço à prefeitura, às parcerias, aos amigos... A todos que acreditaram neste sonho (foram muitos)! E agradeço especialmente ao professor Gilberto Garcias pela confiança que depositou na equipe do Centro, apoiando e auxiliando no desenvolvimento do trabalho.
E como não poderia ser diferente, compartilhamos nosso símbolo, nosso Pé de Jabuticaba. Lindo, forte e duradouro. Carregado de bons frutos, de sementes e de vida!"
Débora Jacks



"Otimismo é a fé que leva à realização. Nada pode ser feito sem esperança ou confiança"
Helen Keller

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Autismo e preconceito

Uma sociedade que ainda não aceita o diferente

A sociedade de uma forma geral comporta um número infinito de diferenças. A Síndrome do Espectro Autista é mais uma delas e se caracteriza pela dificuldade na interação social e presença de comportamentos repetitivos e estereotipados (saiba mais).
Poucas décadas atrás, a Síndrome do Espectro Autista, a Síndrome de Down e tantas outras viviam isoladas dentro das casas, escondidas da sociedade. Não existiam diagnósticos ou tratamentos. Felizmente, hoje a realidade é outra. O “estranho” está no supermercado, na livraria, no parque ou talvez sejamos nós.
Ao conversar com as famílias de autistas, descobrimos que além da luta pelo diagnóstico, tratamento, educação, etc. existe outra batalha a vencer: o preconceito. Percebemos que, apesar desse convívio com a diversidade, o cidadão ainda rejeita o “diferente”. Não busca conhecer, tão pouco compreender o outro. E essa busca por reconhecimento e aceitação é mais uma luta das famílias e parceiros das mais diversas causas.
O dia-a-dia da mãe de um autista é bem intenso. Aquelas atividades comuns, como andar de ônibus, brincar no parque ou ir ao supermercado podem ser tornar um desafio para seus filhos, que têm receio de lugares diferentes e cheios de pessoas desconhecidas ou desagradáveis para elas, que precisam lidar com os olhares de rejeição e acusação de outros tantos desconhecidos.
Karen Rozane Scheer, mãe do Pedro - de 12 anos - que já sofreu preconceito (inclusive dentro do próprio condomínio onde mora) explicou: “eu não me escondo e não escondo o meu filho, mas vou te dizer que a sociedade é cruel, ela é preconceituosa... As pessoas não estão preparadas, então a gente tem que preparar elas”. Karen também é diretora da AMPARHO (Associação de Amigos, Mães e Pais de Autistas e Relacionados com Enfoque Holístico) criada por um grupo de pais que buscava se apoiar na luta pelos direitos dos seus filhos, além de amparar uns aos outros e aos “novos pais” de autistas.
Talvez você até conheça o autismo, provavelmente através do pouco contato que teve o primo distante daquele vizinho com quem você pouco conversa. Mas amanhã ele pode estar bem mais próximo do que você imagina. Então, por que resistir? Não devemos evitar esse debate.
A conscientização não é algo que surge com naturalidade. Não decorrerá de um lapso involuntário, mas sim de estudo, da busca pela informação. O mínimo que o “cidadão comum” deve fazer é buscar informações sobre essa e outras condições. Esse pouco conhecimento, ainda mais se compartilhado, poderá evitar uma série de injustiças e cenas preconceituosas.
A psicóloga Lilian Rocha Gomes Tavares, que também é mãe de Luiza, comentou sobre o assunto e resumiu para nós, de forma simples, o que devemos refletir sobre o tema.










quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Agentes inclusivos

No mês de novembro ocorreu o Curso de Formação de Cuidadores para os profissionais da rede municipal de ensino. Oferecido numa parceria entre o Centro de Atendimento ao Autista Doutor Danilo Rolim de Moura e o Capta, Centro de Apoio, Pesquisa e Tecnologias para a Aprendizagem, o curso ocorreu nos dias 19 e 20 de novembro, no CDL.
Com o propósito de capacitar informando, foram oferecidas quatro palestras. No dia 19 os temas foram “legislação” e “terapia ocupacional”, restando para o dia 20 a abordagem específica do “Transtorno do Espectro Autista” e “higiene e primeiros socorros”.
Na abertura do evento, a palestrante Carmen Silvia Lenzi, pedagoga, especialista em políticas públicas e em educação de surdos, explicou a história da inclusão desde o seu início. Entre os principais acontecimentos citados por ela estão o ano de “1975 - declaração dos direitos das pessoas com deficiência” e o ano de “2007 - Convenção da ONU sobre os direitos das pessoas com deficiência”.
O evento ocorreu de maneira harmônica. Nele foi aberto um espaço amplo para discussões e esclarecimentos. Ao final do evento, o Centro e o Capta alcançaram o seu objetivo, “formar e informar”, além de dar apoio e oferecer o suporte para o trabalho dos cuidadores.

Quem são os cuidadores:
Os cuidadores são os profissionais capacitados para trabalhar nas escolas auxiliando os alunos que necessitam de um atendimento individualizado (autistas, deficientes, etc).

De que forma os cuidadores trabalham:
Eles atuam no contato direto com o aluno, ajudam no que é necessário, como locomoção, alimentação, etc. Portanto, o cuidador será o agente que melhor conhece o aluno (no caso do aluno autista, será o profissional mais capacitado para proteger e conter o aluno se houver alguma crise).

O cuidador não substitui o professor ou qualquer outro profissional da escola, ele tem função específica: colaborar para a adaptação e inclusão do aluno na escola regular de ensino.



sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Aconteceu: Evento promovido pela Equipe Multiprofissional

Balões, camisetas, cupcakes e muitos lacinhos cor-de-rosa... Assim foi a tarde de ontem, 23 de outubro de 2014.


O evento, organizado pela Equipe de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde da Criança, tinha como objetivo alertar sobre a saúde da mulher, principalmente o câncer de mama, grande "vilão" que ataca silenciosamente o corpo feminino.

O público alvo da ação eram as mães e cuidadoras de alunos do Centro. Estavam presentes também, além da equipe multiprofissional, profissionais do Programa de Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPel.

Além de oferecer corte de cabelo, maquiagem e brindes, as equipes conseguiram criar um espaço para discussão sobre o tema, onde todos tentavam identificar mitos e verdades sobre o câncer de mama. No final concluímos que:

O câncer tem cura. // O consumo de bebida alcoólica aumenta o risco de câncer de mama. // Câncer pode induzir à depressão. // Homens também podem ter câncer de mama. // É importante fazer o auto-exame regularmente, porém, ainda assim realizar a mamografia anualmente.  // Câncer não é contagioso. // O câncer de mama nem sempre aparece com caroços. // Nem todo caroço na mama é câncer. // Nem todo tumor é câncer. // Traumas (batidas) não são responsáveis por tumores. // Sutiã apertado não causa câncer de mama. // Não há comprovação de que alimentos cozidos em forno microondas causam câncer. // A pílula anticoncepcional não causa câncer. // Próteses de silicone não favorecem o desenvolvimento do câncer.

Vale ressaltar que é extremamente importante realizar o auto-exame regularmente, crie esse hábito (uma boa dica é fazer isso durante o banho). Também devemos esclarecer que a partir dos 40 anos a mamografia deve ser realizada anualmente (em caso de histórico familiar, o ideal é realizar o exame a partir dos 35 anos). Com diagnóstico precoce existem mais chances de cura. 

Dica: O site http://www.mulherconsciente.com.br/ é um bom aliado à saúde da mulher, traz informações mais detalhadas sobre Câncer de Mama, Câncer de Ovário e Câncer de Colo de Útero. Vale dar uma "espiadinha".

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Aconteceu: Curso de Formação Continuada em Transtorno do Espectro Autista

No último final de semana ocorreu, no auditório do Colégio Municipal Pelotense, a segunda etapa do Curso de Formação Continuada em Transtorno do Espectro Autista, oferecido para profissionais da educação que trabalham com autistas.

O tema "Teoria da Mente - Estudos de Casos e Avaliação" foi apresentado pela  pedagoga especial e psicopedagoga Karla Wunder da Silva que dividiu com os demais as experiências do seu trabalho com o autismo dentro das escolas.

A palestrante falou sobre o cotidiano escolar, frisou que cada escola vive sua realidade, que cada aluno é diferente, e que o que funciona para um, pode não funcionar para outro. Segundo ela, devemos dar atenção às individualidades e o bom senso é o melhor aliado em todas as situações. 

O objetivo do curso é oferecer uma qualificação continuada para os profissionais. Nesta segunda etapa, além dos educadores do Centro, foram convidados professores das salas de recursos  e professores auxiliares da rede municipal, duas mães da Amparho Autismo  e professores de AEE. A primeira etapa ocorreu em fevereiro e a terceira ainda está sendo planejada.



sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Outubro Rosa


Bem-vindo mês do rosa, 

     Ao contrário do que muitos pensam, outubro não é só o "mês das crianças". Outubro também é o mês do rosa.
     A cor rosa culturalmente representa o "Universo Feminino", sua delicadeza é sempre vinculada à imagem da mulher. Não é à toa que essa foi a cor escolhida para representar algo tão importante - a luta contra o câncer de mama.
     Na década de 90, nos Estados Unidos, que as primeiras ações em prol da prevenção do câncer de mama começaram e quando, pela primeira vez, o laço cor-de-rosa foi utilizado como símbolo dessa causa e ao mês de outubro atribuído o dever de carregar essa responsabilidade. 
     Hoje, além de laços e camisetas, também podemos observar prédios iluminados de rosa. Símbolos das cidades, que naturalmente chamam atenção pela sua história e beleza, se transformam em "alerta" para a população. 
     "Outubro Rosa" é como um aviso para termos cuidado. Um simples lembrete de que devemos dar atenção à nossa saúde e a de quem amamos. Como podemos fazer isso? Uma simples mamografia pode ser o primeiro passo, pois o diagnóstico precoce do câncer contribui significativamente para a cura.
Mais informações sobre o Outubro Rosa: http://www.outubrorosa.org.br/

terça-feira, 30 de setembro de 2014

O “brincar” da educação



  Quem pensa que vídeo game serve apenas para diversão está enganado. É o que prova o projeto desenvolvido pelo Centro de Atendimento ao Autista Dr. Danilo Rolim de Moura.

  O Centro de Atendimento ao Autista Doutor Danilo Rolim de Moura desenvolve diversas atividades que visam o progresso dos seus alunos e que, além de ensinar, visam melhorar a qualidade de vida deles e de seus familiares.

Entre todas as aulas ofertadas, o Projeto “Xbox – Vamos participar desse mundo!”, oferecido dentro da disciplina de Tecnologia Assistiva, é o que gera maior curiosidade. Afinal, como brincar pode ajudar na educação?

  A professora de Tecnologia Assistiva, Milene Cordeiro Viana, explica que apesar do vídeo game ser visto como um brinquedo, com a finalidade de distrair e divertir, o Xbox, abre um leque de possibilidades. A partir dele, é possível trabalhar a parte física, cognitiva e a socialização dos alunos.

  De acordo com a proposta do projeto, o jogo desenvolve o raciocínio (amplia e facilita a aprendizagem), estimula o indivíduo a se desinibir, ouvir e escutar, assim encorajando a fala e aumentando o seu vocabulário. Também melhora o autocontrole, orientação espacial e temporal, posição, direção, lateralidade, coordenação motora, gestos, expressão facial e corporal, a percepção auditiva e visual de maneira ativa e refletida. Além de auxiliar na socialização e interação dos alunos, na tolerância e no saber esperar para realizar uma atividade, no espírito competitivo e na elevação da autoestima.

  Quem conhece o autismo sabe que existem barreiras entre o autista e o que acontece ao seu redor, é como se ele vivesse em um universo particular. Portanto, apenas a possibilidade de fazê-los “brincar” juntos é um grande progresso. Quando o autista consegue socializar, ele abre uma janela para o mundo exterior, uma linha de contato com a “nossa” realidade.



Entenda melhor como funciona a atividade:






quinta-feira, 18 de setembro de 2014

"Autistando"

De acordo com a autora Scheilla Abbud Vieira, somos todos autistas!!!

Texto "Autistando"

      Quando me recuso a ter um autista em minha classe, em minha escola, alegando não estar preparado para isso, estou sendo resistente à mudança de rotina.
     Quando digo a meu aluno que responda a minha pergunta como quero e no tempo que determino, estou sendo agressivo.
      Quando espero que outra pessoa de minha equipe de trabalho faça uma tarefa que pode ser feita por mim, estou usando-a como ferramenta.
     Quando numa conversa, me desligo “viajo”, estou olhando em foco desviante, estou tendo audição seletiva.
      Quando preciso desenvolver qualquer atividade da qual não sei exatamente o que esperam ou como fazer, posso me mostrar inquieto, ansioso, até hiperativo.
      Quando fico sacudindo meu pé, enrolando meu cabelo com o dedo, mordendo a caneta ou coisa parecida, estou tendo movimentos estereotipados.
   Quando me recuso a participar de eventos, a dividir minhas experiências, a compartilhar conhecimentos, estou tendo atitudes isoladas e distantes.
     Quando nos momentos de raiva e frustração soco o travesseiro, jogo objetos na parede ou quebro meus bibelôs, estou sendo agressivo e destrutivo.
    Quando atravesso a rua fora da faixa de pedestres, me excedo em comidas e bebidas, corro atrás de ladrões, estou demonstrando não ter medo de perigos reais.
    Quando evito abraçar conhecidos, apertar a mão de desconhecidos, acariciar pessoas queridas, estou tendo comportamento indiferente.
      Quando dirijo com os vidros fechados e canto alto, exibo meus tiques nervosos, rio ao ver alguém cair, estou tendo risos e movimentos não apropriados.
      Somos todos autistas... Uns mais, outros menos. O que difere é que para alguns (os não rotulados) sobra malícia, jogo de cintura, hipocrisias e para outros (os rotulados) sobra autenticidade, ingenuidade e vontade de permanecer assim.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Ministério da Saúde divulga cartilha para auxiliar no diagnóstico precoce do autismo

  Lançada no dia 2 de abril de 2013, dia mundial do autismo, a cartilha tem como objetivo oferecer orientações para profissionais da área da saúde, e familiares de Pessoas Portadoras do Espectro do Autismo(TEA). A Cartilha “Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Espectro do Autismo”, possui ainda uma tabela com indicadores de desenvolvimento infantil, e sinais de alerta para o TEA.

  É importante lembrar que os indicadores demostrados servem para facilitar o diagnóstico do TEA. Pais e familiares de crianças portadoras de algumas das especificidades relatas na cartilha, devem procurar profissionais da área da saúde, como pediatras, psiquiatras, neurologistas.

  Possuir um ou duas características relatas na cartilha não faz da criança uma Portadora do Espectro do Autismo. O ideal é identificar se o desenvolvimento infantil está alterado, e só após procurar ajuda médica.



  A cartilha está disponível para download em arquivo PDF (gratuitamente) no Portal do Ministério da Saúde conforme o link abaixo:

                                      Clique aqui e faça o download!

Fonte: Portal do Ministério da Saúde.
 

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Conheça: Blog Lagarta Vira Pupa


Existem muitos filmes que explicam um pouco como o autismo interfere na vida das pessoas, existem personagens que ganham públicos, outros que geram polêmicas. Mas não existe nada que se compare à “vida real”.
No Blog Lagarta Vira Pupa não existe ficção, não é um faz-de-conta qualquer. Ali está a história de duas pessoas reais e maravilhosas. É onde Andréa conta os dramas e as vitórias vividos como mãe de um menino autista.
Theo possui Transtorno do Espectro Autista (TEA). O que o faz diferente de outras crianças? Do meu ponto de vista, nada! (Ou tudo, afinal, “ninguém é igual”). Ele é encantador.
Em um trecho, Andréa fala sobre o diagnóstico de Theo
“Meu garotinho, quando teve o diagnóstico, enquadrava-se bem no chavão “vive em seu próprio mundo”. O bebê sorridente tinha virado uma criança séria, que passava horas de rosto no chão observando as rodas do carrinho. Parecia não perceber a vida acontecendo à sua volta. Estava totalmente fechado em seu mundo de rodinhas e dvds. Tirá-lo dali – ou, ao menos, fazê-lo perceber que havia mais coisas a descobrir, saborear e explorar – parecia impossível.”
De todas as histórias que costumamos ouvir a deles é mais uma. E é linda. Para acompanhar, acesse http://lagartavirapupa.com.br/

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

O que as birras "falam"


Se alguém sugerir “atire a primeira pedra quem nunca agiu de forma intempestiva”, as pedras permanecerão intactas. Todos já agimos dessa forma porque é natural querer chamar a atenção.
Durante a infância desenvolvemos diversas habilidades, entre elas, a comunicação. Quando ainda bebê, gestos e sons servem de alerta para os pais que, prontamente, respondem a eles com recompensas simples como uma mamadeira de leite ou um colo. Porém, conforme a criança cresce, desenvolve sua própria forma de se comunicar.
O progresso na comunicação é individual, reflexo de diversos fatores específicos a cada indivíduo, tais como o ambiente em que é educado e sua condição física e intelectual. Somos pessoas diferentes com necessidades distintas, e é exatamente por isso que precisamos saber expressar para as outras pessoas nossos sentimentos, desejos, vontades etc.
Expressões como “eu quero”, “eu gosto”, “eu preciso”, “não pode” são tão comuns ao nosso dia a dia que nem percebemos que algumas pessoas não as compreendem ou conseguem falar. E, infelizmente, essa inabilidade é comum a tantas pessoas, como as que possuem Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Para os autistas, comunicar-se não é uma tarefa fácil. É característico às pessoas que possuem o autismo limitações nas suas habilidades sociais, como na interação com as pessoas e o mundo ao seu redor; na compreensão de palavras, gestos e eventos; na comunicação verbal, no contato visual, etc.
Em meio à complexidade do universo autista, percebemos um comportamento comum a qualquer outra pessoa, a birra. É através desse comportamento que, muitas vezes, eles buscam chamar atenção para suas necessidades. Mas o que são as birras? De acordo com o dicionário, birras são “ações ou tendências para permanecer e/ou continuar de maneira insistente num mesmo comportamento, opinião, ideia etc.”.
Porém, se tratando de uma criança autista, esse comportamento se apresentará de forma mais acentuada e será um pouco mais difícil de contornar. O que devemos fazer é lembrar que essa é a forma que a criança encontrou para se comunicar, para alertar aos adultos que alguma coisa está acontecendo. Portanto, devemos estar atentos e nos dedicar para interpretar esses sinais.

Possíveis causas
§     Desconforto físico – Manter-se atento às necessidades básicas da criança (sono, fome, dor e sede). Respeitar a sensibilidade sensorial da criança (como hipersensibilidade a sons, hipo ou hipersensibilidade a texturas etc.).
§     Alteração na rotina – Conhecer e respeitar a rotina da criança, pois, eles têm fixação nela, qualquer desordem pode gerar desconforto.

Como agir diante de uma crise
§        Cuidar e proteger a criança de possíveis riscos durante a crise de birra
§     Ignorar a birra no início, para que a criança perceba que essa maneira de reivindicar não é útil. Mudar a criança de local pode ajudar
§     Distrair a criança, com o brinquedo ou objeto predileto, antes que a situação fuja do controle
§     Manter-se calmo e desenvolver estratégias de comando através do tom de voz (tom firme e palavras repetidas ajudam)
§     Desconsiderar o mundo ao seu redor, não se preocupar com o que os outros pensam sobre o comportamento da criança, mas se achar necessário, apenas explique porque você está agindo de determinada maneira para controlar a situação

O registro dessas informações pode ajudar e muito no controle do comportamento e pode ajudar a identificar o “problema”. Pontos que devem ser observados e registrados:
§     Qual a frequência que ocorre
§     De que maneira a criança agiu
§     Quanto tempo durou
§     Motivo (o que pode ter acontecido para gerar esse comportamento)
§     Como você lidou com isso

*Baseado no texto da educadora Carla Dilli
*Imagem retirada de: http://www.wscom.com.br/blog/eduardohenrique

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Saiba mais: Musicoterapia

A Musicoterapia como um manual de instruções para o autismo

O autismo provoca diversas alterações nos mecanismos neurológicos de uma pessoa, inclusive na audição. E faz com que ela apresente padrões de percepção e resposta ao mundo alterados em comparação com aqueles considerados dentro da “normalidade”. Uma das formas de tratamento utilizadas para amenizar essas alterações é a Musicoterapia. 
A autora do artigo, Clarisse Prestes, afirma que pretendia conferir, a partir de uma avaliação da família, em quais pontos o tratamento com a Musicoterapia apresenta benefícios para a vida de uma criança autista. Ela alega que buscou, especificamente, verificar quais ganhos obtidos durante os atendimentos realizados no ambiente terapêutico são extensivos à vida da criança.
Para elaboração do artigo foi acompanhado o tratamento de um menino autista com base na avaliação de sua mãe. O tratamento foi realizado durante um ano, uma vez por semana. Foram apanhados dados do histórico sonoro-musical dele a partir de uma ficha musicoterápica respondida por ela.
Após esse ano, foi realizada outra entrevista que abordou questões como a importância da Musicoterapia na vida da criança; a existência de uma sensibilidade auditiva diferente e uma escuta seletiva; a contribuição da música da experimentação e compartilhamento de sentidos e emoções; uma melhora na qualidade de comunicação em geral; a abertura para a subjetividade; e uma ampliação da capacidade de integração social e do repertório de interesses, oportunizando uma saída da condição de isolamento.
A pesquisadora ressalta que na musicoterapia a presença do terapeuta é crucial e possui significação central no processo. O tratamento contribui para a melhora da capacidade cerebral de assimilar e tolerar os sons, na interação nas atividades do dia a dia e ajuda a romper e flexibilizar, a partir dessa interação musical, padrões ritualísticos e não funcionais como movimentos estereotipados (agitar e torcer as mãos, por exemplo).
É possível perceber, a partir da fala da mãe, que houve uma melhora na pronúncia das palavras; na tolerância dos sons como do liquidificador; na assimilação de sons, ele passou a atender chamados, se cantados; além de uma abertura às brincadeiras. A criança percebe de uma maneira prazerosa essa sonoridade e acaba respondendo a esses estímulos de uma maneira diferente da convencional, como a possibilidade de relacionamento com o outro.  
A mãe resume nesta afirmação sua visão da importância da música na vida do filho: “A música em si já é algo libertador. Para o L. é mais do que isso, ela nos transporta junto com ele para uma frequência em comum. A música para ele completa tanto um momento de diversão solitária quanto uma satisfação de compartilhar sua grande predileção com quem ele gosta. Parece que esse menininho veio à Terra programado para estar guardado em seu mundo, mas, felizmente, com ele veio um manual de instruções de como fazer para acessá-lo... e esse manual está escrito em notas musicais”.

PRESTES, Clarisse. MUSICO TERAPIA: ESTUDO DE CASO DE UMA CRIANÇA AUTISTA. Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde, Instituto Vila Una.

O artigo pode ser encontrado em

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Sobre filmes: Arthur e o Infinito – Um olhar sobre o autismo



“Eu fico tentando entender como é o mundo dele. Às vezes me parece impenetrável. Como se ele estivesse em um quarto escuro e apertado. E eu também. Mas a diferença é que eu sei que tem algo fora do quarto, ele não. O que eu tento todos os dias há três anos é mostrar o que tem fora do quarto.”

“Arthur e o Infinito” é um média metragem criado pela jovem cineasta paulista Julia Rufino. O filme trata da história dos dramas e superações contidos no dia a dia de uma família com um filho autista.
Na trama, o casal Marina e César são pais de Sofia, dez anos; e Arthur, seis anos, autista. O foco da história é Marina. Ali estão os dramas diários, a dificuldade em lidar com os comportamentos característicos do filho autista e os sacrifícios feitos pela mãe.
Arthur não se comunica verbalmente, não mantém contato visual e parece não ouvir quando as pessoas falam. No momento em que recebe o diagnóstico de autismo, Marina decide se dedicar somente a cuidar do filho para promover o seu desenvolvimento.
As coisas começam a melhorar após a procura por ajuda especializada. A mãe consegue, de certa forma, entrar no mundo do menino, obtendo alguns resultados positivos. O filme é muito emocionante, inspirador e principalmente realista. Famílias que passam diariamente por essas situações certamente se identificarão.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Sobre livros: "Autismo: Um mundo estranho"

Como agir depois de um diagnóstico de autismo na família? É de uma vivência assim, com todas as dificuldades, algumas superadas, outras nem tanto, que Cleusa Barbosa Szabo se baseia para escrever o livro Autismo: Um mundo estranho. Mãe de Antônio, a autora narra os principais desafios em ter um filho autista, tanto no cerne familiar quanto na vida em sociedade.
Contextualizando a obra por meio de tópicos retirados de um folheto, a autora aborda as formas de reconhecer se uma criança é autista ou não. Nesse aspecto, Alexandre não é apresentado como um bom exemplo. Com predisposições e sintomas nítidos desde pequeno, não houve dúvida. Outros tantos, contudo, precisam do método de eliminação para se chegar ao diagnóstico.
Explorado com mais ênfase, as dificuldades comuns dos familiares ganham espaço. A leitura da obra, portanto, se torna imprescindível para todos os que buscam orientações sobre o tema. A discriminação por parte da sociedade e dos parentes e o descontentamento dos irmãos, que na maioria das vezes acreditam estar desatendidos, são abordados. A autora conta também a trajetória escolar de Antonio, em uma tentativa de alertar para a carência de centros de ensino com profissionais aptos a lidar com o autista.
Cleusa, por fim, expõe sobre os benefícios da musicoterapia no tratamento do autismo e os avanços de Antonio na socialização após conhecer a música.  Há também alguns artigos científicos, divulgados no livro porque, segundo a própria autora, é importante que haja divulgação do material que traz esclarecimentos. Entender é o primeiro passo para a conscientização.
Com causas e tratamentos ainda no âmbito da incerteza, o interesse da autora, além de interar-se das novas literaturas voltadas ao distúrbio, é principalmente contribuir com questões de ordem prática. Talvez por isso, e por esse objetivo ser bem refletido em suas páginas, o livro torna-se esclarecedor e informativo. Mais que isso: É um olhar materno e sensível sobre um tema inquietante.

Autismo: Um mundo estranho, Edicon, 2ª edição.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Sobre filmes: Mary e Max – Uma amizade diferente

Mary e Max – Uma amizade diferente  (Mary and Max, em inglês) é um longa de animação que trata da amizade inusitada entre um senhor que mora em Nova Iorque e uma menina que vive na Austrália.
Mary é uma menina solitária e muitas vezes incompreendida por enxergar a sociedade de uma maneira confusa. Um dia, em um passeio à Biblioteca, ela encontra por acaso o endereço de Max e resolve escrever para ele, pois, percebe ali a oportunidade de pôr fim às suas dúvidas sobre o Mundo. Já em Max, um senhor retraído, cada carta recebida causa um efeito devastador.
O enredo é contado a partir de 1976 e, ao longo dos anos, a amizade dos dois se torna sólida, tanto que Max resolve contar seu segredo para a menina – ele possui Síndrome de Asperger. A descoberta sobre Max impulsiona Mary a estudar sobre o tema, influencia sobre sua formação acadêmica e a leva a dar um novo sentido às suas cartas.
O que podemos ver no filme é o retrato de uma amizade pura e leal que ultrapassa qualquer obstáculo.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Educação de crianças autistas: desafios e técnicas

De acordo com a lei n° 12.764, conhecida como lei Berenice Piana, que regulamenta diversos direitos das pessoas portadoras do Espectro Autista. Toda criança autista tem o direito de estudar em escolas regulares e receber a devida atenção por parte do corpo docente. Esse ensino deve ser embasado nas características dos portadores do autismo, e diversas técnicas podem ser utilizadas para facilitar a sua aprendizagem e interação social.

 “O autismo se caracteriza pela presença de desenvolvimento atípico na interação social, comunicação e repertório restrito de atividades e interesses. No contexto de inclusão escolar estes alunos necessitam de um planejamento das práticas pedagógicas conforme o seu desenvolvimento.” Bosa, 2006.

As crianças portadoras do espectro autista apresentam, em maior ou menor grau, dificuldades na comunicação, e interação social. Elas percebem e compreendem o mundo de uma forma própria, diferente das demais crianças.
Crianças com autismo tem dificuldades em entender uma comunicação não-verbal, como o uso de gestos, expressões faciais e linguagem corporal. Um profissional de Atendimento Educacional Especializado pode ajudar a identificar as características e especificidades dessa criança. Ajudando-a assim na sua inserção no ambiente escolar.
Há diversas práticas pedagógicas capazes de tornar a compreensão e a educação mais fácies para essas crianças, como a repetição e antecipação de tarefas, seguir um cronograma para entrada e saída de sala de aula, recreação supervisionada, tarefa dirigida (atendimento individual). O mais importante é que o tempo em que a criança esteja na escola siga uma rotina, e que qualquer mudança nessa rotina, como novas atividades ou mudanças no ambiente escolar, sejam previamente comunicadas e explicadas para elas. Os autistas tendem a mudar de comportamento, quando algo em sua rotina é alterado. Observação nesse quesito é fundamental para se otimizar o seu aprendizado.
O mais importante é perceber que a criança com autismo pode aprender sim, mas para tal se faz necessário técnicas que facilitem o seu processo de aprendizado. Ressaltando também que ensinar essas crianças com amor faz toda a diferença.

Referências bibliográficas:
(Reis. Janderly)Autismo: os desafios da inclusão na escola regular link : http://pt.slideshare.net/lilikareis/autismo-desafios-da-incluso-da-criana-autista-na-escola-regular (acessado em 5/07/14 às 10h30).
(Lopes. Daniele) Técnicas utilizadas na educação dos autistas link: http://guaiba.ulbra.br/seminario/eventos/2005/artigos/pedagogia/20.pdf (acessado em 4/07/14 às 23h00).
(Sanini. Cláudia) Mediação autismo e educação infantil: Práticas para engajar as crianças em atividades link:http://www.ufrgs.br/teias/isaac/VCBCAA/pdf_resumo/116539_1.pdf (acessado em 4/07/14 às 21h00).