Se alguém sugerir “atire a
primeira pedra quem nunca agiu de forma intempestiva”, as pedras permanecerão
intactas. Todos já agimos dessa forma porque é natural querer chamar a atenção.
Durante a infância
desenvolvemos diversas habilidades, entre elas, a comunicação. Quando ainda
bebê, gestos e sons servem de alerta para os pais que, prontamente, respondem a
eles com recompensas simples como uma mamadeira de leite ou um colo. Porém, conforme
a criança cresce, desenvolve sua própria forma de se comunicar.
O progresso na comunicação é
individual, reflexo de diversos fatores específicos a cada indivíduo, tais como
o ambiente em que é educado e sua condição física e intelectual. Somos pessoas diferentes
com necessidades distintas, e é exatamente por isso que precisamos saber
expressar para as outras pessoas nossos sentimentos, desejos, vontades etc.
Expressões como “eu quero”,
“eu gosto”, “eu preciso”, “não pode” são tão comuns ao nosso dia a dia que nem
percebemos que algumas pessoas não as compreendem ou conseguem falar. E,
infelizmente, essa inabilidade é comum a tantas pessoas, como as que possuem
Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Para os autistas,
comunicar-se não é uma tarefa fácil. É característico às pessoas que possuem o
autismo limitações nas suas habilidades sociais, como na interação com as
pessoas e o mundo ao seu redor; na compreensão de palavras, gestos e eventos; na
comunicação verbal, no contato visual, etc.
Em meio à complexidade do
universo autista, percebemos um comportamento comum a qualquer outra pessoa, a
birra. É através desse comportamento que, muitas vezes, eles buscam chamar
atenção para suas necessidades. Mas o que são as birras? De acordo com o
dicionário, birras são “ações ou tendências para permanecer e/ou continuar de
maneira insistente num mesmo comportamento, opinião, ideia etc.”.
Porém, se tratando de uma
criança autista, esse comportamento se apresentará de forma mais acentuada e
será um pouco mais difícil de contornar. O que devemos fazer é lembrar que essa
é a forma que a criança encontrou para se comunicar, para alertar aos adultos
que alguma coisa está acontecendo. Portanto, devemos estar atentos e nos dedicar
para interpretar esses sinais.
Possíveis
causas
§ Desconforto
físico – Manter-se atento às necessidades básicas da criança (sono, fome, dor e
sede). Respeitar a sensibilidade sensorial da criança (como hipersensibilidade
a sons, hipo ou hipersensibilidade a texturas etc.).
§ Alteração
na rotina – Conhecer e respeitar a rotina da criança, pois, eles têm fixação
nela, qualquer desordem pode gerar desconforto.
Como
agir diante de uma crise
§ Cuidar
e proteger a criança de possíveis riscos durante a crise de birra
§ Ignorar
a birra no início, para que a criança perceba que essa maneira de reivindicar
não é útil. Mudar a criança de local pode ajudar
§ Distrair
a criança, com o brinquedo ou objeto predileto, antes que a situação fuja do
controle
§ Manter-se
calmo e desenvolver estratégias de comando através do tom de voz (tom firme e
palavras repetidas ajudam)
§ Desconsiderar
o mundo ao seu redor, não se preocupar com o que os outros pensam sobre o
comportamento da criança, mas se achar necessário, apenas explique porque você
está agindo de determinada maneira para controlar a situação
O
registro dessas informações pode ajudar e muito no controle do comportamento e
pode ajudar a identificar o “problema”. Pontos que devem ser observados e
registrados:
§ Qual
a frequência que ocorre
§ De
que maneira a criança agiu
§ Quanto
tempo durou
§ Motivo
(o que pode ter acontecido para gerar esse comportamento)
§ Como
você lidou com isso
*Baseado
no texto da educadora Carla Dilli
*Imagem retirada de: http://www.wscom.com.br/blog/eduardohenrique