segunda-feira, 25 de agosto de 2014

O que as birras "falam"


Se alguém sugerir “atire a primeira pedra quem nunca agiu de forma intempestiva”, as pedras permanecerão intactas. Todos já agimos dessa forma porque é natural querer chamar a atenção.
Durante a infância desenvolvemos diversas habilidades, entre elas, a comunicação. Quando ainda bebê, gestos e sons servem de alerta para os pais que, prontamente, respondem a eles com recompensas simples como uma mamadeira de leite ou um colo. Porém, conforme a criança cresce, desenvolve sua própria forma de se comunicar.
O progresso na comunicação é individual, reflexo de diversos fatores específicos a cada indivíduo, tais como o ambiente em que é educado e sua condição física e intelectual. Somos pessoas diferentes com necessidades distintas, e é exatamente por isso que precisamos saber expressar para as outras pessoas nossos sentimentos, desejos, vontades etc.
Expressões como “eu quero”, “eu gosto”, “eu preciso”, “não pode” são tão comuns ao nosso dia a dia que nem percebemos que algumas pessoas não as compreendem ou conseguem falar. E, infelizmente, essa inabilidade é comum a tantas pessoas, como as que possuem Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Para os autistas, comunicar-se não é uma tarefa fácil. É característico às pessoas que possuem o autismo limitações nas suas habilidades sociais, como na interação com as pessoas e o mundo ao seu redor; na compreensão de palavras, gestos e eventos; na comunicação verbal, no contato visual, etc.
Em meio à complexidade do universo autista, percebemos um comportamento comum a qualquer outra pessoa, a birra. É através desse comportamento que, muitas vezes, eles buscam chamar atenção para suas necessidades. Mas o que são as birras? De acordo com o dicionário, birras são “ações ou tendências para permanecer e/ou continuar de maneira insistente num mesmo comportamento, opinião, ideia etc.”.
Porém, se tratando de uma criança autista, esse comportamento se apresentará de forma mais acentuada e será um pouco mais difícil de contornar. O que devemos fazer é lembrar que essa é a forma que a criança encontrou para se comunicar, para alertar aos adultos que alguma coisa está acontecendo. Portanto, devemos estar atentos e nos dedicar para interpretar esses sinais.

Possíveis causas
§     Desconforto físico – Manter-se atento às necessidades básicas da criança (sono, fome, dor e sede). Respeitar a sensibilidade sensorial da criança (como hipersensibilidade a sons, hipo ou hipersensibilidade a texturas etc.).
§     Alteração na rotina – Conhecer e respeitar a rotina da criança, pois, eles têm fixação nela, qualquer desordem pode gerar desconforto.

Como agir diante de uma crise
§        Cuidar e proteger a criança de possíveis riscos durante a crise de birra
§     Ignorar a birra no início, para que a criança perceba que essa maneira de reivindicar não é útil. Mudar a criança de local pode ajudar
§     Distrair a criança, com o brinquedo ou objeto predileto, antes que a situação fuja do controle
§     Manter-se calmo e desenvolver estratégias de comando através do tom de voz (tom firme e palavras repetidas ajudam)
§     Desconsiderar o mundo ao seu redor, não se preocupar com o que os outros pensam sobre o comportamento da criança, mas se achar necessário, apenas explique porque você está agindo de determinada maneira para controlar a situação

O registro dessas informações pode ajudar e muito no controle do comportamento e pode ajudar a identificar o “problema”. Pontos que devem ser observados e registrados:
§     Qual a frequência que ocorre
§     De que maneira a criança agiu
§     Quanto tempo durou
§     Motivo (o que pode ter acontecido para gerar esse comportamento)
§     Como você lidou com isso

*Baseado no texto da educadora Carla Dilli
*Imagem retirada de: http://www.wscom.com.br/blog/eduardohenrique

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