sexta-feira, 25 de julho de 2014

Sobre filmes: Arthur e o Infinito – Um olhar sobre o autismo



“Eu fico tentando entender como é o mundo dele. Às vezes me parece impenetrável. Como se ele estivesse em um quarto escuro e apertado. E eu também. Mas a diferença é que eu sei que tem algo fora do quarto, ele não. O que eu tento todos os dias há três anos é mostrar o que tem fora do quarto.”

“Arthur e o Infinito” é um média metragem criado pela jovem cineasta paulista Julia Rufino. O filme trata da história dos dramas e superações contidos no dia a dia de uma família com um filho autista.
Na trama, o casal Marina e César são pais de Sofia, dez anos; e Arthur, seis anos, autista. O foco da história é Marina. Ali estão os dramas diários, a dificuldade em lidar com os comportamentos característicos do filho autista e os sacrifícios feitos pela mãe.
Arthur não se comunica verbalmente, não mantém contato visual e parece não ouvir quando as pessoas falam. No momento em que recebe o diagnóstico de autismo, Marina decide se dedicar somente a cuidar do filho para promover o seu desenvolvimento.
As coisas começam a melhorar após a procura por ajuda especializada. A mãe consegue, de certa forma, entrar no mundo do menino, obtendo alguns resultados positivos. O filme é muito emocionante, inspirador e principalmente realista. Famílias que passam diariamente por essas situações certamente se identificarão.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Sobre livros: "Autismo: Um mundo estranho"

Como agir depois de um diagnóstico de autismo na família? É de uma vivência assim, com todas as dificuldades, algumas superadas, outras nem tanto, que Cleusa Barbosa Szabo se baseia para escrever o livro Autismo: Um mundo estranho. Mãe de Antônio, a autora narra os principais desafios em ter um filho autista, tanto no cerne familiar quanto na vida em sociedade.
Contextualizando a obra por meio de tópicos retirados de um folheto, a autora aborda as formas de reconhecer se uma criança é autista ou não. Nesse aspecto, Alexandre não é apresentado como um bom exemplo. Com predisposições e sintomas nítidos desde pequeno, não houve dúvida. Outros tantos, contudo, precisam do método de eliminação para se chegar ao diagnóstico.
Explorado com mais ênfase, as dificuldades comuns dos familiares ganham espaço. A leitura da obra, portanto, se torna imprescindível para todos os que buscam orientações sobre o tema. A discriminação por parte da sociedade e dos parentes e o descontentamento dos irmãos, que na maioria das vezes acreditam estar desatendidos, são abordados. A autora conta também a trajetória escolar de Antonio, em uma tentativa de alertar para a carência de centros de ensino com profissionais aptos a lidar com o autista.
Cleusa, por fim, expõe sobre os benefícios da musicoterapia no tratamento do autismo e os avanços de Antonio na socialização após conhecer a música.  Há também alguns artigos científicos, divulgados no livro porque, segundo a própria autora, é importante que haja divulgação do material que traz esclarecimentos. Entender é o primeiro passo para a conscientização.
Com causas e tratamentos ainda no âmbito da incerteza, o interesse da autora, além de interar-se das novas literaturas voltadas ao distúrbio, é principalmente contribuir com questões de ordem prática. Talvez por isso, e por esse objetivo ser bem refletido em suas páginas, o livro torna-se esclarecedor e informativo. Mais que isso: É um olhar materno e sensível sobre um tema inquietante.

Autismo: Um mundo estranho, Edicon, 2ª edição.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Sobre filmes: Mary e Max – Uma amizade diferente

Mary e Max – Uma amizade diferente  (Mary and Max, em inglês) é um longa de animação que trata da amizade inusitada entre um senhor que mora em Nova Iorque e uma menina que vive na Austrália.
Mary é uma menina solitária e muitas vezes incompreendida por enxergar a sociedade de uma maneira confusa. Um dia, em um passeio à Biblioteca, ela encontra por acaso o endereço de Max e resolve escrever para ele, pois, percebe ali a oportunidade de pôr fim às suas dúvidas sobre o Mundo. Já em Max, um senhor retraído, cada carta recebida causa um efeito devastador.
O enredo é contado a partir de 1976 e, ao longo dos anos, a amizade dos dois se torna sólida, tanto que Max resolve contar seu segredo para a menina – ele possui Síndrome de Asperger. A descoberta sobre Max impulsiona Mary a estudar sobre o tema, influencia sobre sua formação acadêmica e a leva a dar um novo sentido às suas cartas.
O que podemos ver no filme é o retrato de uma amizade pura e leal que ultrapassa qualquer obstáculo.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Educação de crianças autistas: desafios e técnicas

De acordo com a lei n° 12.764, conhecida como lei Berenice Piana, que regulamenta diversos direitos das pessoas portadoras do Espectro Autista. Toda criança autista tem o direito de estudar em escolas regulares e receber a devida atenção por parte do corpo docente. Esse ensino deve ser embasado nas características dos portadores do autismo, e diversas técnicas podem ser utilizadas para facilitar a sua aprendizagem e interação social.

 “O autismo se caracteriza pela presença de desenvolvimento atípico na interação social, comunicação e repertório restrito de atividades e interesses. No contexto de inclusão escolar estes alunos necessitam de um planejamento das práticas pedagógicas conforme o seu desenvolvimento.” Bosa, 2006.

As crianças portadoras do espectro autista apresentam, em maior ou menor grau, dificuldades na comunicação, e interação social. Elas percebem e compreendem o mundo de uma forma própria, diferente das demais crianças.
Crianças com autismo tem dificuldades em entender uma comunicação não-verbal, como o uso de gestos, expressões faciais e linguagem corporal. Um profissional de Atendimento Educacional Especializado pode ajudar a identificar as características e especificidades dessa criança. Ajudando-a assim na sua inserção no ambiente escolar.
Há diversas práticas pedagógicas capazes de tornar a compreensão e a educação mais fácies para essas crianças, como a repetição e antecipação de tarefas, seguir um cronograma para entrada e saída de sala de aula, recreação supervisionada, tarefa dirigida (atendimento individual). O mais importante é que o tempo em que a criança esteja na escola siga uma rotina, e que qualquer mudança nessa rotina, como novas atividades ou mudanças no ambiente escolar, sejam previamente comunicadas e explicadas para elas. Os autistas tendem a mudar de comportamento, quando algo em sua rotina é alterado. Observação nesse quesito é fundamental para se otimizar o seu aprendizado.
O mais importante é perceber que a criança com autismo pode aprender sim, mas para tal se faz necessário técnicas que facilitem o seu processo de aprendizado. Ressaltando também que ensinar essas crianças com amor faz toda a diferença.

Referências bibliográficas:
(Reis. Janderly)Autismo: os desafios da inclusão na escola regular link : http://pt.slideshare.net/lilikareis/autismo-desafios-da-incluso-da-criana-autista-na-escola-regular (acessado em 5/07/14 às 10h30).
(Lopes. Daniele) Técnicas utilizadas na educação dos autistas link: http://guaiba.ulbra.br/seminario/eventos/2005/artigos/pedagogia/20.pdf (acessado em 4/07/14 às 23h00).
(Sanini. Cláudia) Mediação autismo e educação infantil: Práticas para engajar as crianças em atividades link:http://www.ufrgs.br/teias/isaac/VCBCAA/pdf_resumo/116539_1.pdf (acessado em 4/07/14 às 21h00).

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Saiba Mais: Centro de Atendimento ao Autista Dr. Danilo Rolim

Diretora Débora Jacks

Em uma breve entrevista a Diretora do Centro de Atendimento ao Autista Dr. Danilo Rolim de Moura, Débora Jacks, responde algumas questões que permite entender melhor qual é o verdadeiro papel social do Centro e o trabalho que ele vem desenvolvendo desde sua inauguração em 2 de abril de 2014.

Como surgiu a iniciativa de criar um centro especializado que atendesse aos portadores de Transtornos do Espectro Autista (TEA)?
Os principais responsáveis pela criação do Centro são os familiares de pessoas com TEA e vários profissionais engajados nessa luta.
A iniciativa da criação desse espaço surgiu da luta de mães e familiares de pessoas que possuem o TEA. Por meio delas foi criado um projeto que a principio seria junto com a Secretaria da Saúde e com participação da Secretaria da Educação. Após ser encaminhado para voto na consulta popular o projeto foi selecionado. Uma verba de 300 mil reais foi disponibilizada para recursos pedagógicos. Com isso, a Secretaria da Educação assumiu a responsabilidade de criar o Centro e o foco foi direcionado para a educação.

O que muda quando o foco está na educação e não na saúde?
Quando o foco é a saúde os atendimentos são clínicos (como fonoaudiólogo, neurologista etc.). Quando o foco é a educação o trabalho é voltado às terapias necessárias para o desenvolvimento pedagógico e educacional da pessoa que possui TEA – são oferecidas atividades como atendimento educacional especializado, estimulação essencial, tecnologia assistiva, musicoterapia etc. Buscando a inclusão das crianças e jovens na rede regular de ensino.

Qual é a capacidade máxima de alunos do Centro?
O Centro tem uma estrutura que permite o atendimento em média de 170 alunos. Hoje, com três meses de funcionamento já são 130 matriculados. Temos ainda espaços para ampliar e receber mais profissionais, então conforme a chegada destes poderemos atender estes restantes até atingir a capacidade máxima.

Qual a faixa etária das crianças atendidas e até que momento elas serão atendidas?
Os alunos ingressam a partir dos dois anos, embora que se o diagnóstico e o encaminhamento ocorre pouco antes da criança completar essa idade poderá ser atendida também; e não tem idade limite para o atendimento, pois, uma pessoa com TEA pode necessitar de suporte ao longo de toda sua vida, algumas com maior outras com menor intensidade.

Há algum trabalho em conjunto com a rede regular de ensino ou outra instituição?
Sim, claro. Como um dos principais focos do Centro é justamente facilitar o processo de inclusão dos alunos com TEA na rede regular de ensino é desenvolvido um trabalho de orientação aos professores, visitas às escolas, formação continuada e troca de informações sobre os alunos. Se não houver essa parceria, não haverá inclusão – informação é conhecimento. E também há parceria com a área da saúde, o Centro de Neurodesenvolvimento é um dos nossos grandes parceiros, são neuropediatras, geneticistas e outras pessoas da área clínica com as quais trocamos informações, para que os nossos alunos tenham um melhor desenvolvimento.

De forma geral, quais são os objetivos do Centro?
Buscamos desenvolver as potencialidades dos alunos para que eles e as suas famílias tenham melhor qualidade de vida. Que os comportamentos peculiares do TEA sejam amenizados. Que o aluno se desenvolva em todas as áreas, como na aprendizagem de atividades diárias, coordenação motora etc. Mas o foco principal é facilitar a inclusão nas escolas o que também permeia inclusão em outros espaços e situações que a vida exige.

Qual o maior obstáculo que vocês tentam vencer?
A maior dificuldade que tentamos vencer é a falta de informação. É o não saber sobre. Tanto nas escolas, onde os professores não têm conhecimento de estratégias e metodologias de ensino e das reais possibilidades dos alunos especiais, quanto na sociedade de uma forma geral que não entende o portador de TEA, não compreende que os comportamentos podem variar, existem casos mais severos e outros menos.
Deve existir a concepção de que os comportamentos dos portadores do Transtorno do Espectro Autista podem melhorar e que há como qualificar essas pessoas; muitos são, inclusive, inseridos no mercado de trabalho.

Quais são os projetos futuros ou atuais?
Nós temos recebido muitas visitas de pessoas de outros municípios interessadas na forma de organização, atuação e mobilização inicial do Centro, que buscam saber o caminho que percorremos para chegar “aqui”.  O que nos leva a crer que outras cidades podem vir a realizar o mesmo trabalho.
Temos também parcerias firmadas na Universidade Federal de Pelotas, deixamos esse campo de estágios aberto, o que nos permite hoje ter projetos de formação e atuação dos alunos, como o “Pet Terapia” da Veterinária e o “atendimento aos pais” realizado pelos alunos da Psicologia.
Sabemos que ninguém faz nada sozinho, é preciso que a gente tenha muitas parcerias e divulgue o nosso trabalho o máximo possível para ter sucesso!