sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Conheça: Blog Lagarta Vira Pupa


Existem muitos filmes que explicam um pouco como o autismo interfere na vida das pessoas, existem personagens que ganham públicos, outros que geram polêmicas. Mas não existe nada que se compare à “vida real”.
No Blog Lagarta Vira Pupa não existe ficção, não é um faz-de-conta qualquer. Ali está a história de duas pessoas reais e maravilhosas. É onde Andréa conta os dramas e as vitórias vividos como mãe de um menino autista.
Theo possui Transtorno do Espectro Autista (TEA). O que o faz diferente de outras crianças? Do meu ponto de vista, nada! (Ou tudo, afinal, “ninguém é igual”). Ele é encantador.
Em um trecho, Andréa fala sobre o diagnóstico de Theo
“Meu garotinho, quando teve o diagnóstico, enquadrava-se bem no chavão “vive em seu próprio mundo”. O bebê sorridente tinha virado uma criança séria, que passava horas de rosto no chão observando as rodas do carrinho. Parecia não perceber a vida acontecendo à sua volta. Estava totalmente fechado em seu mundo de rodinhas e dvds. Tirá-lo dali – ou, ao menos, fazê-lo perceber que havia mais coisas a descobrir, saborear e explorar – parecia impossível.”
De todas as histórias que costumamos ouvir a deles é mais uma. E é linda. Para acompanhar, acesse http://lagartavirapupa.com.br/

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

O que as birras "falam"


Se alguém sugerir “atire a primeira pedra quem nunca agiu de forma intempestiva”, as pedras permanecerão intactas. Todos já agimos dessa forma porque é natural querer chamar a atenção.
Durante a infância desenvolvemos diversas habilidades, entre elas, a comunicação. Quando ainda bebê, gestos e sons servem de alerta para os pais que, prontamente, respondem a eles com recompensas simples como uma mamadeira de leite ou um colo. Porém, conforme a criança cresce, desenvolve sua própria forma de se comunicar.
O progresso na comunicação é individual, reflexo de diversos fatores específicos a cada indivíduo, tais como o ambiente em que é educado e sua condição física e intelectual. Somos pessoas diferentes com necessidades distintas, e é exatamente por isso que precisamos saber expressar para as outras pessoas nossos sentimentos, desejos, vontades etc.
Expressões como “eu quero”, “eu gosto”, “eu preciso”, “não pode” são tão comuns ao nosso dia a dia que nem percebemos que algumas pessoas não as compreendem ou conseguem falar. E, infelizmente, essa inabilidade é comum a tantas pessoas, como as que possuem Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Para os autistas, comunicar-se não é uma tarefa fácil. É característico às pessoas que possuem o autismo limitações nas suas habilidades sociais, como na interação com as pessoas e o mundo ao seu redor; na compreensão de palavras, gestos e eventos; na comunicação verbal, no contato visual, etc.
Em meio à complexidade do universo autista, percebemos um comportamento comum a qualquer outra pessoa, a birra. É através desse comportamento que, muitas vezes, eles buscam chamar atenção para suas necessidades. Mas o que são as birras? De acordo com o dicionário, birras são “ações ou tendências para permanecer e/ou continuar de maneira insistente num mesmo comportamento, opinião, ideia etc.”.
Porém, se tratando de uma criança autista, esse comportamento se apresentará de forma mais acentuada e será um pouco mais difícil de contornar. O que devemos fazer é lembrar que essa é a forma que a criança encontrou para se comunicar, para alertar aos adultos que alguma coisa está acontecendo. Portanto, devemos estar atentos e nos dedicar para interpretar esses sinais.

Possíveis causas
§     Desconforto físico – Manter-se atento às necessidades básicas da criança (sono, fome, dor e sede). Respeitar a sensibilidade sensorial da criança (como hipersensibilidade a sons, hipo ou hipersensibilidade a texturas etc.).
§     Alteração na rotina – Conhecer e respeitar a rotina da criança, pois, eles têm fixação nela, qualquer desordem pode gerar desconforto.

Como agir diante de uma crise
§        Cuidar e proteger a criança de possíveis riscos durante a crise de birra
§     Ignorar a birra no início, para que a criança perceba que essa maneira de reivindicar não é útil. Mudar a criança de local pode ajudar
§     Distrair a criança, com o brinquedo ou objeto predileto, antes que a situação fuja do controle
§     Manter-se calmo e desenvolver estratégias de comando através do tom de voz (tom firme e palavras repetidas ajudam)
§     Desconsiderar o mundo ao seu redor, não se preocupar com o que os outros pensam sobre o comportamento da criança, mas se achar necessário, apenas explique porque você está agindo de determinada maneira para controlar a situação

O registro dessas informações pode ajudar e muito no controle do comportamento e pode ajudar a identificar o “problema”. Pontos que devem ser observados e registrados:
§     Qual a frequência que ocorre
§     De que maneira a criança agiu
§     Quanto tempo durou
§     Motivo (o que pode ter acontecido para gerar esse comportamento)
§     Como você lidou com isso

*Baseado no texto da educadora Carla Dilli
*Imagem retirada de: http://www.wscom.com.br/blog/eduardohenrique

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Saiba mais: Musicoterapia

A Musicoterapia como um manual de instruções para o autismo

O autismo provoca diversas alterações nos mecanismos neurológicos de uma pessoa, inclusive na audição. E faz com que ela apresente padrões de percepção e resposta ao mundo alterados em comparação com aqueles considerados dentro da “normalidade”. Uma das formas de tratamento utilizadas para amenizar essas alterações é a Musicoterapia. 
A autora do artigo, Clarisse Prestes, afirma que pretendia conferir, a partir de uma avaliação da família, em quais pontos o tratamento com a Musicoterapia apresenta benefícios para a vida de uma criança autista. Ela alega que buscou, especificamente, verificar quais ganhos obtidos durante os atendimentos realizados no ambiente terapêutico são extensivos à vida da criança.
Para elaboração do artigo foi acompanhado o tratamento de um menino autista com base na avaliação de sua mãe. O tratamento foi realizado durante um ano, uma vez por semana. Foram apanhados dados do histórico sonoro-musical dele a partir de uma ficha musicoterápica respondida por ela.
Após esse ano, foi realizada outra entrevista que abordou questões como a importância da Musicoterapia na vida da criança; a existência de uma sensibilidade auditiva diferente e uma escuta seletiva; a contribuição da música da experimentação e compartilhamento de sentidos e emoções; uma melhora na qualidade de comunicação em geral; a abertura para a subjetividade; e uma ampliação da capacidade de integração social e do repertório de interesses, oportunizando uma saída da condição de isolamento.
A pesquisadora ressalta que na musicoterapia a presença do terapeuta é crucial e possui significação central no processo. O tratamento contribui para a melhora da capacidade cerebral de assimilar e tolerar os sons, na interação nas atividades do dia a dia e ajuda a romper e flexibilizar, a partir dessa interação musical, padrões ritualísticos e não funcionais como movimentos estereotipados (agitar e torcer as mãos, por exemplo).
É possível perceber, a partir da fala da mãe, que houve uma melhora na pronúncia das palavras; na tolerância dos sons como do liquidificador; na assimilação de sons, ele passou a atender chamados, se cantados; além de uma abertura às brincadeiras. A criança percebe de uma maneira prazerosa essa sonoridade e acaba respondendo a esses estímulos de uma maneira diferente da convencional, como a possibilidade de relacionamento com o outro.  
A mãe resume nesta afirmação sua visão da importância da música na vida do filho: “A música em si já é algo libertador. Para o L. é mais do que isso, ela nos transporta junto com ele para uma frequência em comum. A música para ele completa tanto um momento de diversão solitária quanto uma satisfação de compartilhar sua grande predileção com quem ele gosta. Parece que esse menininho veio à Terra programado para estar guardado em seu mundo, mas, felizmente, com ele veio um manual de instruções de como fazer para acessá-lo... e esse manual está escrito em notas musicais”.

PRESTES, Clarisse. MUSICO TERAPIA: ESTUDO DE CASO DE UMA CRIANÇA AUTISTA. Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde, Instituto Vila Una.

O artigo pode ser encontrado em