terça-feira, 12 de agosto de 2014

Saiba mais: Musicoterapia

A Musicoterapia como um manual de instruções para o autismo

O autismo provoca diversas alterações nos mecanismos neurológicos de uma pessoa, inclusive na audição. E faz com que ela apresente padrões de percepção e resposta ao mundo alterados em comparação com aqueles considerados dentro da “normalidade”. Uma das formas de tratamento utilizadas para amenizar essas alterações é a Musicoterapia. 
A autora do artigo, Clarisse Prestes, afirma que pretendia conferir, a partir de uma avaliação da família, em quais pontos o tratamento com a Musicoterapia apresenta benefícios para a vida de uma criança autista. Ela alega que buscou, especificamente, verificar quais ganhos obtidos durante os atendimentos realizados no ambiente terapêutico são extensivos à vida da criança.
Para elaboração do artigo foi acompanhado o tratamento de um menino autista com base na avaliação de sua mãe. O tratamento foi realizado durante um ano, uma vez por semana. Foram apanhados dados do histórico sonoro-musical dele a partir de uma ficha musicoterápica respondida por ela.
Após esse ano, foi realizada outra entrevista que abordou questões como a importância da Musicoterapia na vida da criança; a existência de uma sensibilidade auditiva diferente e uma escuta seletiva; a contribuição da música da experimentação e compartilhamento de sentidos e emoções; uma melhora na qualidade de comunicação em geral; a abertura para a subjetividade; e uma ampliação da capacidade de integração social e do repertório de interesses, oportunizando uma saída da condição de isolamento.
A pesquisadora ressalta que na musicoterapia a presença do terapeuta é crucial e possui significação central no processo. O tratamento contribui para a melhora da capacidade cerebral de assimilar e tolerar os sons, na interação nas atividades do dia a dia e ajuda a romper e flexibilizar, a partir dessa interação musical, padrões ritualísticos e não funcionais como movimentos estereotipados (agitar e torcer as mãos, por exemplo).
É possível perceber, a partir da fala da mãe, que houve uma melhora na pronúncia das palavras; na tolerância dos sons como do liquidificador; na assimilação de sons, ele passou a atender chamados, se cantados; além de uma abertura às brincadeiras. A criança percebe de uma maneira prazerosa essa sonoridade e acaba respondendo a esses estímulos de uma maneira diferente da convencional, como a possibilidade de relacionamento com o outro.  
A mãe resume nesta afirmação sua visão da importância da música na vida do filho: “A música em si já é algo libertador. Para o L. é mais do que isso, ela nos transporta junto com ele para uma frequência em comum. A música para ele completa tanto um momento de diversão solitária quanto uma satisfação de compartilhar sua grande predileção com quem ele gosta. Parece que esse menininho veio à Terra programado para estar guardado em seu mundo, mas, felizmente, com ele veio um manual de instruções de como fazer para acessá-lo... e esse manual está escrito em notas musicais”.

PRESTES, Clarisse. MUSICO TERAPIA: ESTUDO DE CASO DE UMA CRIANÇA AUTISTA. Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde, Instituto Vila Una.

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